domingo, 10 de maio de 2015

On the Charts #25: Os 35 anos do Heaven and Hell

Aproveitando essa onda do metal, mais um belo disco lançado em abril de 1980. E, coincidentemente, é a postagem 25 do On the Charts, sobre um disco que completou seus 35 anos em um 25 de abril. Mas numerologias à parte, vamos ao que interessa.

Heaven and Hell é o nono disco de estúdio do Black Sabbath, lançado em 25 de abril de 1980. Primeiro a contar com o saudoso Ronnie James Dio nos vocais, foi um grande sucesso, que fez voltar a força do nome do Sabbath após alguns lançamentos de gosto duvidoso com Ozzy, como Technical Ecstasy e Never Say Die, além de mostrar uma mudança na sonoridade do grupo, voltando ao maior foco no peso, e não na experimentação. Ainda assim, é um estilo diferente do peso na era Ozzy, e, sem dúvidas, isso tem a ver com a entrada de Dio na banda. 

Basicamente, todas essas coisas aconteceram porque a situação do Sabbath com Ozzy ficou insustentável. A banda alugou estúdio nos EUA pra começar as gravações e, segundo os próprios integrantes do Sabbath, no documentário God Bless Ozzy Osbourne!, Ozzy passava o dia inteiro chapado, deitado no sofá e falando que tudo que eles tocavam ali era uma merda. Como o resto da banda viu que, caso Ozzy ficasse no Sabbath, poderia acontecer dele não sair vivo das sessões do disco, o demitiram, "para seu próprio bem".  Além disso, Geezer passava por uma época complicada, com o seu divórcio e tal, Bill Ward estava com alguns problemas de saúde e, por algum tempo, o Sabbath ficou meio desfalcado. Mesmo assim, diante de todos esses infortúnios, nasceu Heaven and Hell, numa prova cabal de que "há males que vem pra bem". 

Começamos esse disco clássico com um som clássico: Neon Knights. Sem firula, todo mundo entrando junto, num som rápido, as guitarras de Iommi mais cortantes do que nunca. Bill Ward me surpreende aqui. Sempre o achei meio superestimado, inseguro, como se fosse perder o tempo facilmente, mas ele entrega uma levada precisa, forte e muito técnica. Além disso, Geezer, apesar de se limitar um pouco aos acordes de Iommi, tem os momentos de brilho, com variações repletas de feeling na linha. Dio, como era de se esperar, tem uma performance sensacional. Muito provavelmente não vou comentar as letras de Dio porque, né, uma vantagem de se ter Ozzy na banda era essa. Dada a incapacidade do Ozzy fazer uma letra decente, Geezer era o letrist
a. Daí saíam coisas maravilhosas, como War Pigs, Children of the Grave, esse tipo de coisa. Com Dio, as letras ficavam sob sua responsabilidade. Aí, como de costume, entramos no "fantástico mundo do metal", com as letras sobre arco íris, feitiços, bruxas, dragões, cavaleiros, etc.

Seguindo, temos Children of the Sea. Não foi uma música feita pra fazer sucesso, vender e tals, mas é muito querida pelos fãs, com justiça. Apesar do disco inteiro ter um nível altíssimo nas composições, ela é um dos destaques. Começando calma, naquela atmosfera de metal melódico, Iommi traz um belo dedilhado com Geezer fazendo uns fills. Dio entra e traz consigo uma letra um pouco melhor do que a anterior, mas também não é nada de destaque. Mais ou menos pelos 40 segundos, Ward entra e aí a porrada come solta. Uma levada arrastada na bateria, ao melhor estilo Sabbath das antigas, Dio largando seus agudos clássicos, Geezer mandando uma daquelas linhas complicadíssimas, lenta, mas, quando é necessário, com muita velocidade entre as notas. E, falando em velocidade e feeling, tenho que ressaltar o solo, simplesmente sensacional, porque não é apenas um solo de Iommi com a base da cozinha da banda. Ward e Butler fazem um trabalho sensacional, com sincronia.

Lady Evil é a terceira música. Apesar dela ter uma certa semelhança com Smoke on the Water (e com algumas músicas do Purple na época do Perfect Strangers), no início, é uma música com um certo balanço, cortesia de Bill e Geezer. Iommi faz umas intervenções sensacionais durante a música, na guitarra solo, Dio também soa muito bem aqui. A letra, apesar da temática de sempre, de bruxas e etc, teria, certamente, uma interpretação distinta se fosse uma música do AC/DC, por exemplo.

Pra fechar o lado A, temos a faixa título. Grande clássico do Sabbath da era Dio, faz justiça a todo o hype. Começando com duas voltas do seu riff clássico, e depois entrando naquela eterna estrofe, onde Bill e Geezer se destacam. Aliás, aqui tenho que ressaltar a letra de Dio. Disparadamente a melhor letra do disco, repleta de antíteses, frases que fazem pensar. Entre tantas letras de temática fraca, essa se destaca, e muito, no disco. Além disso, temos o sensacional solo de Iommi, arrisco a dizer que é o melhor do disco. Principalmente porque o final de sua primeira parte nos traz a um break, seguido do gran finale, acelerado, pesado e... não, pera aí. Do nada, tudo para e ficamos apenas com Iommi ao violão, mandando um belíssimo dedilhado. Assim termina esse puta som e o lado A do disco.

Abrimos o lado B com Wishing Well. Boa música, mas entre tantas canções de destaque, com certeza ela acaba ficando aquém do average do disco.  Temos aqui um bom riff, uma performance inspirada de Ward e um violão que dá uma nuance bem interessante pra música. Mas em geral é apenas outra boa música do disco. Já Die Young, a música seguinte, é um dos grandes destaques da bolacha. Começando com um teclado, que pouco havia aparecido antes, e Iommi solando em cima, dá a impressão que seria uma música mais melódica, lenta e tal. Eis que a banda entra e, novamente, temos uma música rápida e pesada, ao estilo de Neon Knights. Aqui Dio também nos brinda com uma letra melhor do que de costume, com algumas metáforas sobre vida e morte, um pouco filosófica e tal. De destaque, a performance vocal dele também impressiona, além da ponte no meio da música, genial.

Walk Away é a penúltima música do disco. Confesso que o riff parece mais coisa do Paul Stanley do que do Iommi, mesmo sendo um baita riff. Na real a letra é muito estilo Kiss. Sinceramente, não sei o que essa música tá fazendo nesse disco. É um puta som, mas nunca, tipo, NUNCA imaginei que o Sabbath fosse fazer algo do tipo. Sem falar que uma música falando de uma mulher atraente fica bem deslocada entre músicas falando sobre morte, bem e mal, céu e inferno, etc. Destaque para Geezer, que, mais uma vez, manda bem demais aqui.

Pra fechar o disco com chave de ouro, talvez a melhor música do disco. Respeito Heaven and Hell e sua grandeza, mas Lonely is the Word é simplesmente magistral. Aqui tá todo mundo na ponta dos cascos, mostrando toda a técnica. Ward e Butler simplesmente destroem na cozinha, enquanto Iommi manda uma parede sonora e Dio alcança agudos altíssimos, além de longos. Isso sem falar no solo, jogando, de forma sábia, com luz e sombra. Aliás, os solos, afinal, mais de 3 minutos da música são compostos por solos de Iommi. Mas, sem dúvida, são bem gastos. Assim como os quase 40 minutos que separam o início de Neon Knights do final de Lonely is the Word.



Além de ter sido sucesso no meio do rock, entre os fãs da banda e tal, Heaven and Hell foi um sucesso comercial, chegando ao número 28 dos 200 da billboard. Pros fãs que sempre curtiram essa fase da banda, duas pequenas oportunidades de rever esses clássicos ao vivo foram concedidas pela turma do Iommi. Primeiro, uma reunião que resultou no lançamento de Dehumanizer (pra quem não sabe, o Leão escreveu sobre ele, só clicar aqui), onde, inclusive, o Sabbath veio pra Porto Alegre pela primeira vez, e depois com o Heaven and Hell, basicamente uma reunião do Sabbath com o Dio (além de Vinnie Appice na bateria), que surgiu por causa da gravação de duas músicas novas do Sabbath, para uma coletânea, lá em 2005. O Heaven and Hell durou 4 anos, inclusive com o lançamento de um disco de inéditas, mas teve que interromper suas atividades por causa da doença de Dio, a qual, infelizmente, acabou o tirando de nós um pouco antes do desejado.

Bom, acho que por hoje eras isso. Como estamos mais ou menos a uma semana antes de fechar 5 anos sem o mestre Dio, dedico essa postagem a ele, que deve estar mandando muito bem nos palcos lá de cima (ou de baixo, quem sabe?). Não esqueçam de curtir nossa página do facebook, pra dar aquela força, além de nos seguir no twitter. Valeu!

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