segunda-feira, 10 de março de 2014

On The Charts #4: Os 40 anos do Queen II


Bom, já me expliquei sobre não ter postado no dia, vamos aos finalmentes. O Queen II é o segundo disco de estúdio do Queen, lançado em 8 de Março de 1974. Oito meses depois do lançamento do debut, esse é o disco que começa a indicar a vertente que o Queen manteria... pelo menos até o fim dos anos 70. 
Acho que talvez possa considerar sim esse como um disco conceitual. Disco que caiu no gosto de caras como Axl Rose, Steve Vai e outros, traz em suas músicas (e nos lados do vinil) um contraste entre o preto e o branco. Alguns exemplos? O Lado A (ou White Side, no disco), todo composto por Brian May (exceção feita a Roger Taylor, com The Loser In The End), com canções mais leves e com um ar esperançoso. Já o Lado B (Black Side), todo composto por Freddie Mercury, possui um conteúdo de uma densidade maior, algo mais pesado, mas não no sentido rocker da palavra. Enfim, só ouvindo pra entender. 
Outra demonstração dessa contradição é o fato de terem as músicas White Queen (As It Began) no White Side, e The March Of The Black Queen no Black Side. Além disso, a capa do disco é clássica, e serviu de inspiração pra tomadas de clipes como Bohemian Rhapsody e One Vision, e tem que ressaltar a evolução da qualidade do som, muito mais limpo do que na gravação do debut. Mesmo com a banda caprichando nos overdubs. Esses foram duramente criticados, com alguns críticos dizendo coisas como "de nada adianta a banda colocar "No Synthesizers!" na contracapa do disco, se temos tantos overdubs que daria na mesma". Ainda assim, o White Side teve mais aprovação. Inclusive, pro meu gosto, o White Side é mais agradável de se ouvir. O lado de Freddie não é em qualquer dia que dá pra se ouvir, requer muito mais vontade e atenção, talvez. Bom, acho que era isso, vamos às músicas.
Encarte
O disco inicia com Procession. Fazendo um belo jogo de lado esquerdo e lado direito, e acompanhado, por Roger Taylor, de batidas que lembram um coração batendo, Brian May faz uma pequena introdução, de pouco mais de um minuto, com a cara do Queen. Algo que lembra um pouco... realeza. Era a primeira vez que o Queen fazia algo parecido com isso, e se repetiria nos próximos álbuns (os primeiros 20 segundos de Brighton Rock, que lembram algum tipo de atração circense, a introdução de piano de Death On Two Legs e a "A Day At The Races Intro", dentro de Tie Your Mother Down - uma mistura do riff de White Man e a progressão do final de Teo Torriatte, dando ao disco uma impressão de ser um ciclo). Ahh, além de tudo isso, uma versão mais simples dela já abria os shows do Queen há algum tempo, e continuaria abrindo até 1976, se não me engano. Curiosidade: Brian May gravou a guitarra nessa faixa utilizando o Deacy Amp - amplificador feito pelo John Deacon. 

Seguindo, emendamos direto em Father To Son, uma faixa pesada, com algumas paradas e seções diferentes, e com o destaque de John Deacon, gastando no baixo. Entre 4:25 e 4:40, uma última seção leve, com licks de baixo do Deacon, antes de uma parada e o refrão, que se repete até o fim da música, junto 
com um solo de Brian May. Aqui o Deacy Amp também foi utilizado. 

Enquanto é segurada uma última nota, entramos em White Queen (As It Began). Uma das melhores músicas do Queen. Uma pena que a banda tenha "renegado" o material dos primeiros discos, nas turnês dos anos 80. A única música do Queen II que foi tocada (parcial) em alguma turnê depois da Jazz Tour foi Seven Seas Of Rhye. Voltando a White Queen, lá por 1:30, uma seção pesada, uma espécie de "refrão". Entre aspas mesmo, porque a letra não se repete em nenhuma seção. E então, após mais uma estrofe, o solo de Brian May, com violão (acredito). E então repetimos aquela seção do "refrão" e entra a Red Special na parada. Brian disse que a inspiração veio do livro The White Goddess, junto com uma garota que Brian tinha como "perfeita" (aposto que tinha chulé e ele nem desconfiava). 

Então, nas duas últimas músicas do White Side, temos uma folga do vocal de Freddie. Some Day One Day, uma faixa bem mais leve. Cantada por Brian, que como sempre, demonstra uma sensibilidade impressionante, tanto na letra como na performance vocal, é uma faixa pouquíssimo lembrada, talvez por causa da qualidade das duas anteriores. Destaque também para Deacon, fazendo bonito no baixo. 

Roger tem sua vez em The Loser In The End, única faixa que leva seu crédito. Típico das faixas do Roger, sua letra não é nada filosófica ou algo do tipo, é mais rockzão despreocupado mesmo. Fala, basicamente, sobre uma mãe que está sofrendo pelo fato do filho sair de casa. Além disso, o violão distorcido e a introdução de bateria são demais, assim como o vocal rasgado de Roger. Ahh, e o Roger dá uma enlouquecida legal no final da música. 

Abrindo o Lado B, Ogre Battle, uma das canções mais pesadas do Queen. E, por incrível que pareça, composta por Freddie. Não é das minhas preferidas do disco, mas é boa. Tem um começo onde, pelo que parece, reverteram as fitas de gravação. Misturado a isso, entra, num fade in, a música, agora no "sentido" certo. Na real, essa música foi composta por Freddie (inclusive na parte de guitarra), em 1972, mas a banda preferiu esperar por um disco onde tivesse mais liberdade de gravação. Seguindo, temos The Fairy Feller's Master-Stroke. 

Inspiração de Freddie:
o quadro The Fairy Feller's Master-Stroke
Se Ogre Battle era uma das mais pesadas, essa é uma das mais piradas. Começa com o último... gongo (?) de Ogre Battle, seguido por som de um... relógio (?), e uma introdução sinistra no... HARPISCHORD? Que PORRA é essa? Bom, acho que deu pra entender. Além disso, tem VÁRIAS trocas de tempo, castanholas (sim, até castanholas), muitos falsetes de Freddie e uma bela atuação de Deacon no baixo. Ahh, e foi inspirada num quadro abstrato. Acho que não precisa mais nada, né? De longe, a música mais difícil do Queen, ainda que boa (porque Body Language e Delilah não são difíceis, mas CHATAS mesmo). Mas dá pra entender, Freddie nos recompensaria com a música seguinte.

No final de Fairy Feller, uma linha de piano, que desacelera e dá a introdução para Nevermore. Assim como Dear Friends, do Sheer Heart Attack, disco seguinte, o principal é Freddie: vocal, piano e efeitos, tudo feito por ele. E essa música é de uma sensibilidade impressionante. A letra fala do pós término de um relacionamento. Mesmo tendo apenas 1:15 de duração, é uma das melhores músicas do disco. 

E então, da mais curta, diretamente pra mais longa. The March Of The Black Queen. Considerada por muitos como a proto-Bohemian Rhapsody. Ótima música, mas difícil também. Não é bem assim pra assimilar. Pra quem não é muito fã das harmonias vocais de Taylor, May e Mercury, vai achar tudo um monte de gritos histéricos. Mas tá tudo lá, trocas de tempo, duração longa, seções pesadas seguidas por partes leves, partes até, operísticas, podemos dizer. E, além disso, a volta, a partir de 4:20 é uma das partes mais fodas da música. Deacon mandando demais, de novo, o baixo pulsando debaixo do monte de camadas de guitarra de May. E quando parece que acabou, tem uma última "despedida", que dá a deixa pra entrada de Funny How Love Is.

Capa portuguesa do single
A mais fraca do disco, devo dizer. Sem mudança de andamento, com uma bateria repetitiva, e vocais altos de Freddie, conseguiu fazer 2:50 serem incrivelmente longos. Mas na vibe do disco, ouve-se tranquilamente. Acredito que o efeito até foi positivo, considerando que a música que vem depois (e que fecha o disco), é uma bela música com a mesma duração, e que alavancou o sucesso do Queen: Seven Seas Of Rhye. 

Provavelmente não tenho nada pra dizer sobre ela, ela é uma versão comercial de tudo que se vê no disco. E por isso que fez sucesso. Enquanto peças de 6 minutos eram longas demais para serem lançadas como single, em pouco menos de três minutos, temos uma mostra da proposta do disco. Muito piano, mudanças de tempo, harmonias vocais, altíssimas, diga-se de passagem, um belo solo do Brian, pra voltar à estrutura do começo. E no final, ainda tem um pedacinho de I Do Like To Be Beside the Seaside. Um fim digno pra um disco genial, do início ao fim.

Queen II foi 5° lugar das paradas do Reino Unido e 49° nos EUA. O primeiro número um do Queen viria apenas com A Night At The Opera. Mas isso é assunto pra 2015. Por hoje é só.


Não sei por que, mas se pegar o link daqui não funciona, por causa dos copyrights e tal. Mas se vocês procurarem essa mesma cópia que tá aqui, vai funcionar no youtube direto O.o





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