segunda-feira, 24 de março de 2014

Beatles Day e a necessidade de eventos do tipo...

Bom, pra começar, acredito que seja necessário dizer que... não sou fã de carteirinha dos Beatles, o típico frequentador de um evento assim. Sequer tenho camiseta da banda ou algo do tipo. Mas, de qualquer maneira, gosto bastante de várias músicas deles, conheço boa parte da discografia do Fab Four e, além do evento ser todo grátis, valia a pena sair nesse sábado pra assistir a um bom show de covers, que era o que o evento prometia.

No fim, entre mostras, espaço para alimentação, shows e a exibição do A Hard Day's Night, teríamos 12 horas de evento. Como eu e a Bruna achamos um pouco demais ir pra lá logo cedo, optamos por ir de tarde. Os shows, dos Danadões e, mais tarde, do Cachorro Grande, seriam só de noite, e nada que vinha antes era exatamente do nosso interesse. Bom, pra quem tiver interesse no cronograma, tá lá na postagem da Bruna, logo abaixo (se tiver com preguiça de descer, só clicar aqui).

Saímos de casa umas 18:30. Tava bem frio pra um dos primeiros dias do outono. Fomos à pé mesmo, o bairro da Cidade Baixa é aqui pertinho de casa. Chegamos umas 19:15 por lá. Estávamos em dúvida sobre ser ou não a rua certa, mas vimos que todas as lâmpadas estavam acesas, tipo, a rua tava muito mais clara que as outras. E vinha um som de lá. O show dos Danadões não tinha acabado ainda. Eles tocaram algumas músicas ainda. Me Lembro de Let It Be, uma medley que tinha Can't Buy Me Love no início, All My Loving, I Want To Hold Your Hand e, é claro, Twist and Shout. Bandinha boa, e quem tinha a voz mais parecida com algum Beatle era o guitarrista, não o vocalista principal.

Então ficamos pensando no que poderíamos fazer. Era 19:30 ainda, e o show do Cachorro Grande só começava lá por umas 20:50. Resolvemos ver qual era a do filme. Aqui vimos o primeiro ponto onde faltou organização. Imaginem um evento onde a ideia era que iriam 11 mil pessoas (como dizia no facebook). No fim, foram pelo menos 20 mil (segundo o pessoal da organização e, também segundo eles, "sem nenhum incidente"). E lá onde ia rolar a sessão de cinema, devia ter no máximo 500 cadeiras. Além da tela ser pequena. Podem imaginar também qual foi a nossa trajetória, assim como a de todo mundo que foi tentar ver sem cadeira: chegamos lá, tentamos ver uns 5 minutos, meio de lado, em diagonal, vimos que tava uma bosta e que daqui a pouco era mais negócio ver no youtube e fomos embora. Simples assim. No caminho ainda encontramos uma amiga nossa.

Voltamos para a rua do palco e ficamos pensando no que poderíamos fazer. Comer por lá era algo meio inviável, estavam cobrando 15 reais uma porçãozinha de fish and chips e 8 reais uma heineken. O jeito foi dar uma volta. Assim, sem rumo, longe da muvuca, só pra passar o tempo. Entramos pela rua logo atrás do palco e, lá pela metade da primeira quadra, encontramos mais dois amigos. Como eles também não queriam ficar esperando, fomos todos dar uma volta por essa rua.

Como estávamos seguindo reto feito uns idiotas, lá pelas tantas resolvemos voltar. Foi cedo. Chegamos lá e era só 20:00. Ainda faltavam 50 tortuosos minutos. Que ficaram mais tortuosos ainda ao som do Sgt. Peppers na íntegra. Os fãs de Beatles que me desculpem, mas um dos poucos discos que realmente não consigo gostar é o tão aclamado Sgt. Peppers. Preferia qualquer outro, Rubber Soul, Abbey Road, mas a psicodelia não cai muito bem logo antes dum show onde ela não teria espaço. Mesmo sendo a dos Beatles.

Quando acabou o Sgt. Peppers, só deu tempo de tocar Hey Jude (por que será, né?), e rolou o sorteio da passagem. O famoso sorteio que a Bruna já contou. Sim, é verdade que o primeiro josnel conseguiu perder o canhoto dele. E aqui tivemos mais uma falta de organização. Aliás, coisa que, se o cara lesado quisesse incomodar, poderia tranquilamente.

Como disse ali, sortearam o 40, o cara subiu no palco e viu que tinha perdido o canhoto.  Ok, das duas, uma: ou deixa assim e quando o cara encontrar o bilhete/ou puder buscar o prêmio, busque, ou que sorteassem ali, no ato, até aparecer alguém com o bilhete e que estivesse por lá. E o que fizeram? Sortearam outro número, que por acaso era o 41 (muuuito suspeito), e o cara não tava lá. Aí dessa vez, ao invés de sortearem outro, deixaram por isso mesmo. Como disse o maluco da organização, "vocês são testemunhas, 40 e 41. O negócio é o seguinte, eles sabem onde é a loja, onde pode retirar o prêmio e a passagem vai ficar lá. Quem chegar primeiro leva."... estranho, não? A desculpa dele é que não dava pra sortear mais porque já tava na hora do show, o que não era exatamente mentira, afinal, o show teria que acabar pontualmente as 22:00.

Então... o show. Anunciaram o Cachorro Grande, os caras subiram no palco, beleza. Achei que eles iam mandar Helter Skelter logo de cara, A Hard Day's Night, sei lá. Ao invés disso, muito improviso que, na hora, soou como uma puta barulheira infernal, interminável e insuportável. Eu dei graças a Deus quando acabou a primeira música (que eu descobri só agora se tratar de Tomorrow Never Knows), e vi que alguns fãs viraram e olharam meio feio. Fazer o quê? Se fosse uma versão de 4, no máximo 5 minutos, seria legal, mas eles fizeram uma versão de 12 minutos dela, que ocupou o espaço de, pelo menos, duas músicas normais dos Beatles. Além disso, o Beto não cantou muito bem ela. Ainda assim, foi o único erro da banda. Depois tudo ficou muito foda.

Começando por um "1,2,3,4" conhecido dos fãs. O começo de toda a carreira dos Beatles, nessa contagem. Sim, estou falando de I Saw Her Standing There. Aí sim o show começou de verdade pra mim. Logo depois, pra não deixar morrer, Day Tripper, um dos maiores clássicos da banda, ainda que não tenha figurado em um álbum de estúdio. E vale ressaltar que o Cachorro Grande tava aplicando nas músicas aquela dose de peso e velocidade que elas sempre pediram, mas que a tecnologia da época e os padrões do rock não permitiam. Nada que descaracterizasse as músicas, é claro. Só uma abordagem mais... tight, se é que me entendem.

Falando em rock'n roll, Beto tava mais loco que o bátima. Logo de cara, chegou chegando... "Vocês são foda, esse tipo de coisa só pode rolar aqui, são os maiores roqueiros do Brasil... E NÃO ROUBA MEU WHISKY, CARALHO!". Ele repetiu essa dos maiores roqueiros também, no meio de Sgt. Peppers, e ainda acrescentou a frase da noite... "PAU NO CU DOS CARALHOOOOO!"...

Enfim... nessa onda de não deixar morrer, Back In The U.S.S.R. Confesso que me surpreendeu, assim como o setlist num todo. Sabia que, conhecendo o Cachorro Grande, não ia ter espaço pra baladinha nem psicodelia, mas achei que eles iam nas "confirmadas", tipo Help, A Hard Day's Night, Paperback Writer, Ticket To Ride (que eu até achei que era a primeira, pela batida, mas tomei um bote), ou She Loves You. MUITO provavelmente algumas dessas foram tocadas pelos Danadões, que tinham mais cara de ié ié ié.

Estou me enrolando demais aqui, vamos seguir. Pra dar uma acalmada nos ânimos, Dear Prudence. Ok, tanto o papo de não ter balada quanto o de não ter psicodelia não é bem assim, mas as exceções foram só essa, Don't Let Me Down e Sgt. Peppers (a música, essa eu curto :D). Pessoal gostou bastante dela no set. Beto resolveu deixar um pouco o vocal com o Marcelo, guitarrista (e com o baixista também, afinal, segundo ele, "o Marcelo não lembra muito bem a letra"). O resultado? Uma versão muito afudê de Taxman. E é legal ver uma música não tão "confirmada" ser tocada no show. Torcia também por Drive My Car, mas não rolou. Mas como um bom show também é feito de clássicos "de poser", lá veio Come Together. E geral cantou junto. Interessante ressaltar que o solo não teve improviso, foi seguido nota por nota.

Logo após, um pouco do Let It Be (assim como a maior parte do show, músicas dos últimos discos): a boa One After 909 e a CLÁSSICA Get Back. Com a Lizzie Bravo (que tava no evento dando palestra sobre a experiência dela gravando com os Beatles - sim bitches, ela gravou com os besouros) dando umas canjas durante todo o show. Veio a supracitada Don't Let Me Down, que, como já havia constatado no show do Nando Reis aqui em Porto Alegre (onde ele sempre dá uma palhinha dessa música), todo mundo cantou, e voltamos com mais uma do Let It Be - a derradeira da bolacha de despedida da banda - I've Got A Feeling.

Olhei pro relógio, faltavam só 10 minutos. Uma pena, afinal, o show estava muito bom, ficaria lá mais uma hora tranquilamente. E as duas últimas do show: uma Sgt. Peppers do jeito que deveria sempre ser - reta como a levada do Ringo, mas pra frente, rápida e seca, sem frescura - e uma Helter Skelter como sempre foi, sempre deve ser e sempre será: barulhenta, pesada e berrada a plenos pulmões por todo mundo. Além disso, como a Bruna também disse, a gente tava apreciando aquele improviso do final da música quando o Marcelo puxa a parte final de War Pigs. E eu com uma camisa do Sabbath... aliás, não só eu. A segunda banda com mais camisa no evento era o Sabbath. Fora um doente cara muito fã com a camisa do Cross Purposes, era sempre a da turnê de 78, com os pilotos da capa do Never Say Die! ou então a camisa da capa do 13, último álbum da banda. E foi aquela loucura, o coro do "oooooOOOOOOOooOOoooooo"... sem clubismo, mas cantaram tão ou até mais alto que algumas músicas do show. Como era pra acabar 22:00 em ponto, não rolou bis.

E assim terminou um puta show. Como disse ali, algumas faltas de organização, mas coisinhas muito pontuais, que provavelmente serão corrigidas no próximo Beatles Day, que tão prometendo ser no Anfiteatro Pôr-do-Sol. Espero que role mesmo. E como eu disse ali em cima (como eu penso também), num país onde Anitta é enfiada goela abaixo pela "GROBO", porque ela é da gravadora deles e eles querem vender CD dela, é mais do que necessário uns eventos assim... é quase obrigatório.

Sei que Beatles tem AQUELE apelo por serem os Beatles, mas não custaria nada pensar em um desses pro Pink Floyd, pro Led Zeppelin ou mesmo pro Queen, não? Fica a dica. :D

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