sábado, 11 de janeiro de 2014

Os 30 anos do 1984


1984 é um ano emblemático para a história. No ano anterior, tinha sido lançado o filme The Day After, que reforçava o medo de uma guerra nuclear entre, basicamente, EUA e URSS, inclusive retratado em músicas como Two Minutes To Midnight, do Iron Maiden (que falava sobre a proximidade de uma guerra nuclear, considerando os "minutos para a meia noite" que faltavam no Relógio do Juízo Final. Em 1953 essa marca chegou a dois minutos, embora em 1984 estivesse em três, o que não representa uma grande diferença). Diferente desse ambiente politizado, retratado em outros discos também, como 1984, de Rick Wakeman, o Van Halen talvez tenha preferido usar o nome do disco como uma jogada comercial, já que 1984 era também o ano de lançamento do disco. Se deu certo? Provavelmente sim. 1984 é o melhor disco de estúdio do Van Halen, o último com David Lee Roth até ano retrasado, quando lançaram o aclamado A Different Kind Of Truth.

Ainda que o disco mantenha a pegada de seus antecessores, o que pode ser visto em músicas como Hot For Teacher e Panama, temos aqui a inclusão, de forma marcante, do sintetizador, em Jump. Aliás, Jump é a música que, logo depois de uma pequena música - de pouco mais de um minuto - que abre o disco, chamada também 1984, realmente mostra a que o Van Halen veio. Logo depois, Panama, pra arrebentar logo no começo. Pesada, rápida e com um solo sensacional do monstrinho Eddie Van Halen.

Logo depois dos dois primeiros hits do disco, Top Jimmy. Começa de leve, com Van Halen despejando harmônicos e depois entrando o resto da banda, adicionando peso. Falando em peso, Drop Dead Legs tem de sobra, com um andamento arrastado, incomum na discografia do Van Halen. Abordagem como a que o Metallica faria em 1991. Mas as semelhanças param por aí. No final, mais um inspirado solo do Eddie, fechando o lado A.

E no lado B, pensaram que viriam baladinhas? Não pessoal, esse não é o Van Hagar... é o VAN HALEN! Aqui o negócio é peso e Rock pesado, e é exatamente assim que o lado B começa: com uma porrada chamada Hot For Teacher. Primeiro uma fritação de bateria, se é que isso é possível, depois inúmeras fritações de guitarra, enquanto David Lee Roth despeja um tema safado nas linhas da música, como o título sugere. Logo após, mais uma experimentação com sintetizadores, I'll Wait. Mais uma vez o resultado ficou muito foda. Um andamento reto, mais parecido com temas oitentistas do pop, mas com uma abordagem do Van Halen e, é claro, um solo de guitarra. Um dos únicos momentos da música (se não o único), onde a guitarra se destaca.

Já Girl Gone Bad, ao contrário da anterior, começa com sintetizador, junto com guitarras e, depois de mais uma fritação de Van Halen, entra num andamento rápido, agressivo e que me lembrou muito The Song Remains The Same, do Led Zeppelin. Duvido que não haja uma inspiração aí. Destaque também para a bateria de Alex Van Halen, que espanca sem dó seu kit e desfere viradas e mais viradas no meio da música.

House Of Pain, a última música do disco, é uma música clássica do Van Halen: muita guitarra, muito peso e, talvez por isso, depois de já ouvir mais sete músicas nesse patamar, ela soe abaixo das outras, junto com Top Jimmy. Isso não faz dela uma música ruim, de maneira alguma. Destaque para o meio da música, onde Alex puxa um ritmo mais rápido, e Van Halen debulha, sem piedade, sua frankenstrat.

Enfim, 1984 capta a essência do Van Halen. O que ele era, o que é no momento e até mesmo o que seria com Hagar, sem tanto exagero assim nos sintetizadores, ao contrário de 5150, a estreia de Hagar na banda. Parabéns pelos 30 anos e simplesmente coloquem o disco pra tocar e o volume no máximo, só o que digo.



Nenhum comentário:

Postar um comentário