sábado, 13 de julho de 2013

Os 40 anos do Queen

É, depois da banda completar seus 40 anos, em 2011, agora é a vez do disco de estreia chegar na marca das 40 primaveras. Lançado no dia que (por coincidência?) acabou se tornando o dia para se comemorar o Rock, ou talvez o que sobrou dele, 13 de Julho de 1973, o disco foi um marco, não só pra banda, mas para o gênero em si, que ganhou um dos nomes mais significativos de todos os tempos.

Mas para compreender esse disco, é necessário compreender as origens do Queen, inclusive o que veio antes. Então podemos começar por aí... em 1968, Brian May, que estudava no Imperial College, de Londres, colocou um anúncio na própria universidade, procurando por um baterista "do estilo de Ginger Baker", para completar a banda que queria formar, que já contava com Tim Staffell no baixo. Quem respondeu ao anúncio foi Roger Taylor, e logo entrou na banda. O Smile, embrião do Queen, estava formado. A banda fez um sucesso beeeem moderado, assinaram com a Mercury Records em 1969 e tiveram a primeira experiência em um estúdio de gravação no Trident Studios, este, aliás, um importante ponto na história do Queen posteriormente.

Nesse momento, um novo aluno do Imperial College acompanhava fervorosamente os ensaios e shows do Smile. Farrokh Bulsara dava dicas sobre como a banda deveria soar, atuar no palco e coisas do tipo. Em Abril de 1970, então, Tim Staffell deixa a banda. Farrokh convence Taylor e May a continuar, agora com ele na banda, adotando o nome Freddie e mudando o nome da banda para Queen.

Entre o resto de 1970 e Fevereiro de 1971 a banda testou vários baixistas, nenhum deles fechando com a química do resto da banda. Eis que surge John Deacon, baixista que se mostrou competente e, o mais importante, bem encaixado na sonoridade do grupo. Neste momento a banda iniciou os ensaios para gravar o primeiro disco. Desses ensaios saíram as primeiras demos da banda, todas gravadas no De Lane Lea Studios, em Dezembro de 1971. Infelizmente, nenhuma das gravadoras se interessou pelo material, sendo essa a mais provável explicação do intervalo de 2 anos entre a formação da banda e a gravação do disco de estreia. Nesse período, a banda apenas fez shows (sendo que em 1972 o Queen fez apenas CINCO shows, aliás, um deles foi organizado por Deacon, e nele o Queen tocou para um enorme público de seis pessoas xD). Ainda em 1972 a banda finalizou a gravação do disco, que se deu no Trident Studios e, depois de adiar muitas vezes, lançou o disco de estreia. A essa altura, Freddie já havia mudado seu nome artístico de novo, agora sendo Freddie Mercury, inspirado pela linha "Mother Mercury, look what they've done to me", de uma de suas músicas, My Fairy King.

Quanto ao aspecto musical, o debut do Queen vai direto ao ponto. Não é um disco tão influenciado pela mão de Freddie, pelo fato de muitas das gravações serem composições antigas de Brian e Roger. Além disso, aqui temos a única contribuição do Smile num disco do Queen, Doing All Right, creditada a May e Tim Staffell. E a importância do De Lane Lea Studios? Bom, além de registrar as primeiras ideias do Queen mesmo, uma delas foi aceita pelos produtores para entrar no disco, The Night Comes Down. Outros pontos importantes foram a reação da crítica ao disco, dando altas classificações e falando em "uma sonoridade que lembra o Led Zeppelin, e que caminha para ser uma verdadeira força de influência no mundo do rock", além de classificações posteriores, como 19° disco mais influente de todos os tempos, na guitarra.

Ahh, vale ressaltar que a qualidade de gravação do disco é PÉSSIMA, apesar dos bons truques que a banda sabia realizar em estúdio. O som é abafado, misturado, e foram coisas que nem o remaster de 40 anos conseguiu resolver bem.

A bolacha inicia com Keep Yourself Alive, bela música, impactante. Uma das mais polidas do disco, a banda regravou a mesma várias e várias vezes, até obter o resultado esperado. Depois temos Doing All Right, que começa uma bela balada que desemboca num rockzão pegado. Interessante é que temos duas vezes essa seção pesada, e na segunda eu tenho a impressão da guitarra começar MUITO mais alta do que na primeira, coisa que May corrige rapidamente, já na segunda volta do riff. Mais interessante ainda é que no remaster de 2011 o "erro" permaneceu.

Versão remasterizada de 2011, com o EP bônus
Great King Rat é a terceira música do disco. Pesada, segue o padrão do disco, cheia de seções e trocas de tempo. Um dos destaques, com certeza. Infelizmente não posso dizer o mesmo de My Fairy King, que fecha o lado A. Não que seja uma música ruim, de jeito nenhum, mas o disco é de um nível tão alto que ela, a vinheta de Seven Seas Of Rhye (que apareceria com letra e completa no segundo disco) e, talvez Jesus sejam os momentos mais fracos do disco, apesar de ótimos.

Liar abre o Lado B. Apesar de eu ter aprendido a curtir esse disco por completo e não conseguir apontar uma música que seja anos luz melhor que as outras, ela e Great King Rat são as que chegam mais perto. Liar é pesada, poderosa, bem planejada e executada, enfim. Além disso, é a música mais longa do disco, com 6 minutos e meio de várias seções rítmicas distintas, e nenhuma delas se repete durante a música, diferente de outras músicas longas do Queen, como The Prophet's Song ou Innuendo.

Seguindo, entramos em The Night Comes Down. Nota-se claramente a qualidade ainda mais inferior de gravação, apesar do solo de Brian May, no começo da música, ser algo inacreditavelmente foda e claro de se ouvir. Uma balada, das melhores do Queen. E o mais legal é que logo após temos uma verdadeira porrada, de menos de 2 minutos, Cantada por Roger Taylor, Modern Times Rock'n Roll é uma pérola, esquecida pela banda no final dos anos 70. Foi uma das primeiras músicas do disco que eu tive contato, e curti na hora.

Igualmente pesada, mas não tão rápida, temos Son and Daughter. Acho que não tenho nada a comentar sobre ela, por incrível que pareça, é uma das mais "comerciais" do disco. Seguindo, vem Jesus, que tem um andamento intrincado, e que acaba em uma interminável sequência de solos de Brian May, até que, nos últimos 30 segundos, volta a ser a música do início. Para fechar (e dar uma amostra do que estava por vir), a vinheta de Seven Seas of Rhye.  Nas versões posteriores, ainda temos uma bônus: Mad The Swine, boa música, mas aquém do resto do disco.

Analisando o disco como um todo, apesar de ser um debut, que sempre mostra uma banda que ainda não está no auge da maturidade, o do Queen é especial, tamanha a qualidade das composições. Disco visceral, que vale a pena ser ouvido do início ao fim. Como não encontrei, infelizmente, um vídeo no youtube com o disco completo, deixo um link para a playlist, no youtube :D



Um comentário:

  1. Bolívar Abascal Oberto17 de julho de 2013 às 00:11

    Gostei da sinopse, bem escrita. Acho que o autor leva jeito...

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