sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

On the Charts #31: Os 45 anos do Animals


Bom, cá estou eu aqui, novamente, para falar de mais um clássico aniversariando nesse mês de janeiro. E, convenhamos, este aqui também é daqueles de sentar, colocar no toca discos e apreciar. Para essa jornada, peço que me acompanhem mais uma vez. 

Pra quem não sabe, na última sexta-feira, dia 21 de janeiro, Animals, do Pink Floyd, completou 45 anos de lançamento. E, justiça seja feita, se alguns dos trabalhos do Floyd mostravam uma força criativa mais pronunciada de David Gilmour, esse disco é muito mais a cara de Roger Waters (aqui, inclusive, começou um certo "desconforto" dos outros membros da banda com a "ditadura" de Waters quanto ao processo criativo da banda. Entretanto, pelo menos em relação a esta bolacha e seu sucessor, The Wall - na minha opinião, em menor escala, musicalmente, mas em maior escala artisticamente). 

Fábrica que estampa a capa do disco
Animals possui uma estrutura interessante. Sendo uma releitura do clássico livro A Revolução dos Bichos, de George Orwell, lançado em 1945, Waters faz uma crítica ao capitalismo e, através das três músicas principais do disco, realiza uma separação de classes: os cães, predadores, os porcos, despóticos, e as ovelhas, que obedecem a tudo sem questionar. As três possuem mais de 10 minutos de duração, com elaboradas e diferentes introduções, passagens, solos e etc. Completam o disco Pigs on the Wing, partes 1 e 2, pequenas seções contendo apenas violão e voz, com pouco mais de um minuto de duração, que abrem e fecham o disco. Abordaremos mais detalhadamente tudo isso enquanto colocamos a agulha na bolacha e iniciamos nossa audição, então bora. 

Começamos a nossa jornada por Pigs On the Wing 1. Apesar de extremamente simples, com pouco mais de um minuto de duração, a fórmula de violão e voz, com um manso vocal de Waters, convence. Não há muita coisa a enaltecer musicalmente, pelo fato de ser uma canção realmente simples, mas sabemos que menos é mais. Interessante ressaltar, entretanto, que a fórmula utilizada seria repetida e aprimorada em Mother, um dos destaques do disco seguinte, The Wall. O tempo é parecido, bem como a progressão de acordes. Vejo muito desta música (e de sua segunda parte, ao final do disco) em Mother. Em outras músicas da banda, também, mas mais pronunciadamente em Mother.

Na sequência, temos Dogs, 17 minutos de uma das melhores músicas do Floyd, ocupando todo o restante do lado A do disco. Dentre os muitos épicos do Pink Floyd, vejo uma estrutura mais bem definida nesta aqui, diferente de outros clássicos, como Echoes e Shine on you Crazy Diamond. Amo essas outras músicas, bem como praticamente todas as músicas longas da banda, mas sinto que havia mais improvisação, esticando um pouco mais as músicas. Echoes, por exemplo, possui uma versão editada na qual 7 minutos foram cortados, sem alterar muita coisa em sua estrutura. Em Dogs isso é impossível. Há muitos solos e seções instrumentais, mas enxergo nela um trabalho mais bem amarrado, tal qual o Rush fazia em suas músicas épicas, como Cygnus Book-II: Hemispheres, por exemplo. São 18 minutos que não sentimos passar, tamanha a naturalidade com a qual a banda alonga a faixa. 

Dogs possivelmente se diferencia um pouco das duas músicas seguintes também por ser uma ideia mais antiga. Ainda em 1974 a banda já tocava ao vivo uma primeira versão do que viria a ser este clássico, chamada You've Got to Be Crazy. Provavelmente, pela época e tudo mais, o clima na banda ainda era mais amistoso e Waters e Gilmour conseguiam compor e inserir suas ideias numa boa (ou algo próximo a isso, pelo menos).

Sobre os aspectos musicais, iniciamos Dogs com violão e os "desesperados" vocais de David Gilmour. Aliás, sobre isso, Dogs é a única música do disco em que Gilmour contribuiu com a composição e vocais. Coincidência ou não, é a melhor música dentre as cinco da bolacha. Após alguns versos nessa temática mais agitada, mais desesperada, a banda entra em uma ponte para a seção do primeiro solo, que inicia após pouco mais de 3:30. Com guitarras dobradas e tudo que temos direito no melhor estilo Gilmouriano, o solo é simplesmente memorável. Construído (e muito bem construído, diga-se de passagem), mas, ao mesmo tempo, sem ocupar todo o espaço, assim permitindo que toda a banda se destaque, Gilmour desenha um solo de um pouco mais do que um minuto, no qual a temática meio desesperada pode ser sentida através das notas de sua guitarra. 

Eis que, após esse primeiro solo, temos uma pequena seção na qual a música altera um pouco o feeling, tornando-se mais "relaxada", um pouco mais Floydiana, por assim dizer. Aquela levada típica de Nick Mason, o baixo de Waters trabalhando muito bem com as pausas, Wright afiadíssimo nos teclados, como de costume, e Gilmour volta para um segundo solo, agora um pouco mais voltado para esse feeling diferente no qual a banda entrou. Após mais um belo solo, temos mais alguns versos e entramos na seção mais "improvisada", por assim dizer. 

Após Gilmour cantar "Dragged down by Stone", a última palavra fica repetindo incessantemente (e, a cada repetição, os efeitos aumentam, cada vez mais aproximando a palavra de um latido), enquanto a banda entra em uma seção que inicia praticamente sem bateria, com Mason apenas marcando o tempo no prato de condução. Aqui, meus amigos, eu recomendo fortemente o fone de ouvido. Apesar da banda estar jogando muito com a sombra, num primeiro momento, são muitas nuances. Todos os instrumentos estão fazendo algo interessante aqui, seja a levada um pouco diferente que Mason nos apresenta, seja Wright solando nas teclas, enfim. Aqui, apesar de ser uma seção de 4 minutos, eu acho bem na medida, sem ficar enjoativa. A banda utiliza, aqui, a mesma progressão de acordes do início da música. 

Não à toa, é claro. Ao final desta parte, o violão entra novamente e a música praticamente recomeça, desta vez com Waters nos vocais. Neste momento, já estamos viajando há 12 minutos junto com a banda, e simplesmente não sentimos passar. Waters canta sua estrofe, a banda repete a estrutura daquele primeiro solo e, quando iríamos entrar novamente naquela seção um pouco mais calma, a banda vem com tudo para finalizar este clássico, com uma seção ainda mais "desesperada" (coisa que Waters sabe fazer com maestria). Até pensava em dedicar uma postagem inteira de épicos para Dogs, mas eu me empolguei tanto aqui que acho que não precisa. Clássico absoluto. 


Encarte do disco
Iniciando o lado B, temos Pigs (Three Different Ones). Confesso que esta aqui também me pega bastante, é MUITO boa. Se Dogs tinha uma assinatura forte de Gilmour, Pigs é TOTALMENTE Waters. Um pouco mais curta ("só" 11 minutos), inicia c
om um belíssimo trabalho de Wright no teclado (o que só evidencia a falta que esse monstro faz), com Waters acompanhando em um pequeno "solo" de baixo. Pigs é um dos melhores trabalhos de Waters nas quatro cordas. Além disso, o vocal é gritado, raivoso, wateriano. Do jeito que ele gosta de fazer. A letra transmite uma raiva, uma forma de protesto contra o capitalismo, utilizando-se da metáfora orwelliana dos porcos, que são os comantantes da revolução dos bichos e que, após a revolução, se tornam o novo inimigo, pegando para si muitos dos privilégios. Como falam no livro, alguns animais são mais iguais que os outros. 

Enfim, aqui tudo se desenvolve um pouco mais rápido. Waters canta algumas estrofes e, antes dos quatro minutos, já estamos em uma riquíssima seção instrumental, na qual o grande destaque é Wright, que faz um trabalho sensacional não só utilizando seu instrumento da forma convencional, mas também emulando efeitos que lembram o som emitido pelos porcos, intencionalmente distorcido e de forma a causar o "desconforto" no ouvinte. É uma ambientação perfeita, muito bem construída. Após esse solo (de uns três minutos), a música também praticamente reinicia, de sua introdução, com o teclado e o baixo, para mais uma última estrofe e refrão, e sua finalização, desta vez com Gilmour solando de forma feroz, com uma guitarra bem distorcida, até o final da música, em fade out. É outro puta som, sem sombra de dúvidas. 


Finalizando a trinca de épicos, temos Sheep. Apesar de sempre ter considerado ela como a mais fraca das três, também é uma música com bastante pegada. Ela inicia leve, com o teclado de Wright fazendo um pequeno solo, mas quando entra a banda toda, o som é forte. A levada de Mason aqui é pra frene, lembra um pouco o seu trabalho em One of These Days, do Meddle. Basicamente, não é uma música ruim, longe disso. Mas, das três, ela é a menos impactante, talvez por vir na esteira de duas músicas MUITO boas anteriormente. Sinto que ela é a mais "sem rumo" na sua seção instrumental no meio, por assim dizer. Não que não seja relativamente bem estruturada, mas não impacta como Dogs e Pigs (coincidentemente, as ovelhas, no livro, são os animais com menos personalidade... não sei se foi intencional, mas vai saber). 

Falando em coincidência, os últimos dois minutos da música são de destaque. Coincidentemente onde a guitarra de Gilmour está em evidência em uma espécie de riff criado para esse final, acompanhado de algumas viradas de Mason, que, apesar de simples, sempre são um destaque, considerando que Mason é um adepto quase extremo do "menos é mais". 

Por fim, após esses quase 40 minutos de intensidade, muita música boa e alguns clássicos, chegamos em Pigs on the Wing 2. Instrumentalmente, ela é praticamente igual à primeira, mas possui uma letra diferente. Não há muito o que dizer, ficam as palavras da primeira parte. Gosto de ressaltar que, após essa atmosfera mais pesada das músicas centrais, e suas letras, é interessante a ideia da banda de finalizar com um pouco mais de leveza. É um final muito bom para um disco quase perfeito. 

Uma coisa que lamento até hoje é o fato da banda não ter feito uma versão de Animals para aquela coleção Immersion, que foi lançada em 2011. Lembro que, à época, teci uma espécie de crítica, como se fosse um caça níquel e etc. E talvez seja, ok. Mas o capricho com o qual o Floyd trata sua obra é digno de aplauso, e, considerando a sequência de seus quatro clássicos absolutos (Dark Side of the Moon, Wish You Were Here, Animals e The Wall) e o relançamento de três deles nessa coleção, me pergunto por que não pensaram em fazer o mesmo para o Animals, ainda mais considerando que é um disco de forte apelo conceitual e visual (eles poderiam incluir um porquinho inflável no boxset 😂). Mas acabou passando, infelizmente. Fazer o quê?

Enfim, por hoje era isso, pessoal. Apesar de ter começado com dois On the Charts mais típicos do Nata, de bandas consagradas do rock e tudo mais, teremos um próximo que vai explodir a cabeça de vocês 😵). Vocês não perdem por esperar. Até lá! 


sábado, 15 de janeiro de 2022

On the Charts #30: Os 55 anos do The Doors


Vocês acharam que a volta real oficial ia acontecer com algum outro temático? 

ACHARAM ERRADO! Tá começando o Choque de Cultura, programa cultural, com os maiores nomes do...OPA, PERAÍ. O estagiário se passou. Pelo vacilo, perdão. 

Mas, falando sério... não existia outra possibilidade que não fosse retornar com um On the Charts. Escrever para este temático é praticamente uma terapia. Ponho meus fones de ouvido, coloco para tocar o clássico que está fazendo aniversário e, enquanto ouço as músicas e relembro os diversos momentos de cada disco, vou escrevendo minhas impressões a respeito. 

Só falta um bom café/Martini/vinho para acompanhar a minha "sessão". E um bom toca discos, com um som de qualidade. Mas isso fica pra um outro momento. Hoje vamos sóbrios e de fone de ouvido mesmo. 

O disco aniversariante de hoje (na realidade, do último dia 4) é um clássico absoluto. Estreia de uma das bandas mais influentes e polêmicas dos anos 60, o disco homônimo do The Doors foi gravado em incríveis 6 dias (entre 19 e 24 de agosto de 1966, no Sunset Sound Recorders, em Hollywood) - o que, inclusive, nos faz pensar em como, mesmo com muito menos tecnologia, afinal, estamos falando de quase 60 anos de diferença, um disco levava muito menos tempo para ser gravado, além de custar infinitamente menos (e, muitas vezes, captar os melhores momentos das bandas, justamente pela urgência de trazer composições criativas e conseguir se estabelecer como uma banda de sucesso). Mas isso é história para um outro momento, de repente em um Café com Nata, o dia hoje é para ouvir esse discaço e conversarmos a respeito. 

O disco é composto basicamente de 11 músicas, 6 no Lado A e 5 no Lado B. Exceção feita à última música de cada lado (Light My Fire e The End, respectivamente), as músicas são curtas, entre 2 e 3 minutos, típico do som da época. O Doors soube muito bem surfar na onda da psicodelia, nestas composições mais longas, bem como trazer elementos até mesmo do som da Invasão Britânica, a exemplo do que o The Who fazia na época (inclusive, teve uma postagem sobre o Doors que o Leão chegou a comentar que eles seriam britânicos, o que, claro, não é o caso). 

Isso contribuiu para que o primeiro disco, bem como o som da banda, no geral, fossem extremamente influentes e impactantes à época. O Doors sempre se mostrou uma banda enérgica, tanto em estúdio quanto ao vivo. E sua primeira música de seu primeiro disco não poderia ser outra que não Break On Through (To the Other Side). Seus pouco mais de 2 minutos sintetizam o Doors, é o cartão de visitas perfeito. Tem Jim Morrison cantando, gritando, cuspindo a letra, com sua agressividade e irreverência características, tem solo de teclado de Ray Manzarek, não tem baixo 😂 aliás, até tem baixo, mas quem toca ele é o próprio Manzarek, no teclado. Resumidamente, nasceu clássica. 


Na sequência, temos Soul Kitchen. Aqui, a exemplo de algumas outras músicas, a banda abre uma exceção e contamos com uma bela linha de baixo, gravada por Larry Knechtel, relativamente conhecido músico de estúdio. A pegada da psicodelia dá as caras aqui, ainda que de forma mais tímida, nas estrofes (que parecem diretamente saídas da trilha sonora de algum filme do Austin Powers... bem como praticamente todo este disco, sendo justo). Interessante ressaltar que, quando parece que a coisa vai dar uma desacelerada, vem o refrão, mais gritado e agitado. Diferentemente de The Crystal Ship, a terceira música, que começa e termina tranquila, com uma pegada mais puxada pro que o Doors faria nas músicas mais longas, desacelerando e entrando na vibe. Boa música também, mas considero um pouco abaixo das primeiras duas. 

Twentieth Century Fox é a quarta música da bolacha. Esta novamente conta com a participação de Knechtel no baixo, e aqui podemos afirmar com segurança que a baixaria enriquece muito o som da banda (não só a do Morrison, mas a de quatro cordas mesmo), o que nos faz imaginar como o som da banda seria ainda melhor com um baixista do calibre dos maiores nomes da época, como John Entwistle, Jack Bruce, Noel Redding, entre outros. A música, apesar de não ser de grande destaque, é gostosa de ouvir, um meio termo entre o punch das primeiras e a calmaria de The Crystal Ship. 

Já Alabama Song (Whisky Bar), definitivamente, é o que temos de mais diferente no disco. Além de todos da banda terem gravado backing vocals (além do produtor Paul Rothchild), Manzarek toca um MARXOPHONE (claramente um comunista). Brincadeiras à parte, não sei exatamente o que é um marxophone, mas ele deu um toque um tanto infantil ao som dos teclados. Uma experiência interessante, no mínimo. Talvez funcionasse melhor como uma vinheta no disco, com um minutinho e alguma coisa, não com mais de três. Mas sei lá, depois de beber umas ela deve ficar bem divertida. 

A próxima música, fechando o lado A, dispensa apresentações: Light My Fire. Um dos maiores clássicos da banda, do rock e da música. Manzarek dá um SHOW aqui, dominando completamente seus 7 minutos com absoluta maestria, contando com um solo que dura uns 4, inclusive. Mas como eu sei que vocês já ouviram muito esse som, vale lembrar uma das histórias que provam por A + B porque o Doors era visto, junto com os Stones e o Who, à época, como uma banda de bad boys, transgressores e etc.

O Doors foi convidado pelo Ed Sullivan, uma espécie de Jô Soares dos anos 60 (minha referência para explicar quem era o Sullivan já tá desatualizada, eu sei), para tocarem em seu programa, e a música que a banda escolheu foi justamente Light My Fire. O problema é que, logo no começo da letra, Morrison canta que "girl, we couldn't get much higher", e, num programa de família dos anos 60, isso aí era a própria blasfêmia. 

Pouco tempo antes, os Stones tocaram Let's Spend The Night Together e tiveram que trocar o refrão para "Let Spend Some Time Together" (com direito a Mick Jagger revirando os olhos, em desaprovação, a cada vez que precisava cantar o novo refrão). Pensem, uma referência muito sutil a sexo, e não deixaram rolar, obviamente o Doors precisaria trocar a letra. Reza a lenda que Sullivan sugeriu algo como "girl we couldn't get much better". Morrison aceitou. 

Na hora de tocar a música, o home meteu essa:


Não preciso dizer que a banda foi absolutamente banida do programa e tocou um total de ZERO vezes das seis que dizem que eles teriam para fazer em outras ocasiões. Isso é uma síntese do que era Jim Morrison e também do que é o rock'n roll, convenhamos.

Abrindo o lado B, Back Door Man. Em uma batida que, em certo ponto, até lembra Come Together, dos Beatles, ela tem uma pegada interessante. Será que eles pegaram inspiração daqui? Fica o questionamento. Esta é mais uma das músicas que conta com uma linha de baixo, mas, desta vez, ela é executada pelo próprio guitarrista da banda, Robby Krieger. Bela música, das melhores entre as mais obscuras da bolacha. Já I Looked At You, a música seguinte, já entra um pouco na cota de "mais do mesmo". Tem um certo balanço, mas nada que desperte muito interesse. Não chega a ser ruim, e é uma das músicas mais curtas do disco, anyway. Pra quem tá curtindo a vibe, ela vai muito de boas.

Na sequência, temos provavelmente a melhor música, fora as três clássicas: End of the Night. Ela não só desacelera o ritmo, ela te faz voar, flutuar, mesmo sóbrio. A atmosfera dela é soturna e etérea, o efeito que a banda conseguiu nos instrumentos é absolutamente incrível. Música boa demais, inclusive pra colocar numa playlist daquelas para apagar todas as luzes e só viajar no som (com ou sem drogas). Já Take it as It Comes, penúltima música da bolacha, tem uma pegada meio ao estilo de I Looked at You. Nada demais, mas nada de menos. Sem problemas, I'll take it. De qualquer forma, é a música mais curtinha do disco, em contraste com a próxima.

A próxima, e última música do disco, é The End. Clássica absoluta da banda, possui várias atmosferas diferentes ao longo de seus quase DOZE minutos de duração. Desde o começo, mais com cara de música mesmo, até o momento em que Morrison meio que declama uma poesia e a banda segue como pano de fundo (um modelo que, inclusive, seria explorado pela própria banda, com os poemas de Morrison, nos discos gravados após sua morte). Não há muito o que descrever aqui, é mais uma questão de ouvir e entender. Este modelo até seria repetido em When The Music's Over, mas sem o mesmo impacto. Talvez um dia eu faça um temático apenas sobre uma delas, mas não hoje. 


Bom, por hoje era isso. Postagenzinha beem simples, ainda tentando tirar a ferrugem, mas espero que tenham gostado e que tenha servido para fazer jus a esse discaço. Quem não ouviu ele em homenagem ao 55º aniversário, pegue ele da estante, ponha no teu toca discos, ou coloque para tocar no seu streaming, se desconecte um pouco desse nosso mundo moderno, se deixe levar pela atmosfera dos anos 60... and enjoy!



segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Café com Nata #4: De volta, mais uma vez (ou The Bitch is Back)

Sei que muitas frases poderiam ser aplicadas a este momento. Clichês do tipo "quem é vivo sempre aparece", ou "Blog em 2022? Sério?", mas, de alguma forma, eu precisava retornar. Não sei quanto tempo isso aqui vai durar, mas espero que volte a ter alguma regularidade. 

Cinco anos e alguma coisinha depois (oficialmente, porque, extraoficialmente escrevi até 2018 no Nata, mas postando com datas retroativas), resolvi olhar para trás e perceber que isso aqui fez uma parte bem grande da minha história. Durante muito tempo persegui números, postagens, views e etc, e, coincidentemente, quando larguei tudo de mão, as views vieram (não sei bem o que causou um tráfego intenso, mas sei que aconteceu). 

Não que hoje eu ligue tanto assim pra isso, uma das vantagens de voltar alguns anos depois é uma tranquilidade e maturidade maiores. Sei que, talvez, um canal no YouTube fosse uma pedida mais interessante, no universo atual da internet, e que, se eu quisesse trabalhar com produção de conteúdo, possivelmente seria a melhor plataforma possível. 


Mas, antes de mais nada, quem fala aqui - atrás dessa página em branco virtual -, é um músico e amante de música. Atualmente, apreciador de muitos outros gêneros, além do rock, e apreciador de muitos outros subgêneros DENTRO do rock (não que antes eu não fosse, mas estou tentando sair daquela bolha dos clássicos e expandir os horizontes. E, nessa cruzada buscando expandir os horizontes, descobri e redescobri muita coisa boa, e sinto falta de escrever sobre isso. 

Sempre gostei de escrever. No já longínquo ano de 2003, na primeira série do colégio, minha turma precisava escrever um livro (na realidade, cada aluno escrevia um conto, uma história para colaborar com o livro), e, dentro deste livro, cada aluno tinha um pequeno perfil traçado: idade, time do coração, hobbies, etc. 

Adivinha o hobby de quem vos fala? Sim. Escrever. Nunca pensei em fazer isso profissionalmente, apesar de já ter pensado em algumas boas ideias que nunca foram planificadas. Talvez um dia. Enquanto isso, sigo aqui, pegando uma boa caneca de café (ou chá, dependendo do horário 😂), colocando meus fones de ouvido e resgatando um disco e o colocando para tocar, enquanto escrevo a respeito dele em um On the Charts, ou uma Resenha, ou um Show Histórico. 

Ainda estou pensando em como fazer para manter uma frequência boa e variada de postagens, por mais mínima que seja. Minhas expectativas estão baixas, se conseguir postar 50 vezes em 2022 ficarei muito satisfeito com o resultado. Mesmo que tudo aqui seja movido à paixão por música e escrita, vou tentar reestruturar o Nata para dar a ele uma carinha um pouco mais atual. 

Além disso, pretendo anunciar alguns produtos da Amazon em links dentro das postagens e também na página inicial do Nata. Caso o link seja de interesse de vocês, não hesitem em comprar (e ajudar a gente a pagar pelo menos uma conta profissional no Canva 😁). E se o link não é do interesse de vocês, mas vocês tem um de interesse, mandem para o natadorock@gmail.com, que colocamos aqui no blog para que vocês possam fazer a compra por aqui e ajudar a gente. 

Acho que por hoje era isso, a coluna era mais para dar um start na volta (porque quando assumimos um compromisso público, as coisas rolam mais fácil e aquela história toda. Vejo vocês daqui a uns dias (espero). Enquanto isso, ROCK ON!



quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Aconteceu em Porto Alegre #12: Black Sabbath no Estacionamento da FIERGS (Parte 2)

Depois  do showzaço do Rival Sons, aquele break, pros roadies prepararem o palco pra última atração da noite, nossos queridos maloqueiros de Birmingham, que subiriam naquele palco pela última vez como Black Sabbath, na nossa cidade. 

Esse era um daqueles casos em que o break só tinha lados bons. Normalmente estamos ansiosos para ver uma banda desse calibre, mas, considerando que seria a derradeira, era daqueles casos em que queríamos passar aquele momento o mais devagar possível. Não tinha problema a banda se enrolar um pouquinho, e, se quisessem fazer um show de três horas e nós só sairmos de lá 01:00, não tinha problema algum. 

Mas eis que, 21:30, iniciou-se a despedida do Sabbath em Porto Alegre. Dessa vez, diferentemente da turnê do 13, em 2013, que a banda entrou até um pouco antes do horário no palco e simplesmente saiu mandando uma pedrada atrás da outra, fomos saudados por um pequeno vídeo no telão, duma situação meio apocalíptica, uma cidade em chamas, e, numa parte subterrânea dum prédio, uma espécie de ovo, praticamente saído dum dos jogos da série de Resident Evil. Desse ovo nasce um filhotinho de demonho, que termina de tocar fogo na cidade e, após isso, o logo da banda (aquele mesmo da capa do Master of Reality) aparece no telão, em chamas. Entrada grandiosa, digna do tamanho dessa gigantesca banda.


Em meio aos gritos de "Sabbath! Sabbath!" e o sino, nosso conhecido do início da música que carrega o nome do disco de estreia - e da banda -, Ozzy Osbourne, Tony Iommi e Geezer Butler, acompanhados de Tommy Cluefetos novamente, entraram no palco. E foi justamente essa pedrada, a primeira música do primeiro disco, onde tudo começou, que deu início ao show. 

Cabe ressaltar que, normalmente, quando uma banda desce a afinação de alguma música do show em meio tom, um tom, etc, nosso primeiro impulso é julgar, falar que "eles fazem isso porque o vocalista não dá conta mais" (ou de repente nunca deu conta, fora a versão de estúdio, né pessoal do Offspring?). Mesma coisa quando a banda decide executar algumas músicas de forma um pouco mais lenta do que a versão de estúdio, dizemos que é a idade, que eles não conseguem mais.

Com o Sabbath, curiosamente, em um show onde eles tocam TODAS as músicas em tons mais baixos que o original, muito por causa do Ozzy, e também tocam de forma ainda mais arrastada as músicas, o efeito é de deixar a música ainda mais pesada e sinistra, mesmo que não intencionalmente. No fim das contas, ponto pros caras.

Falando em ponto pros caras, logo após Black Sabbath, os caras resolvem mandar Fairies Wear Boots, uma das minhas preferidas, por abusar de trocas de tempo, seções diferentes e ser, resumidamente, uma sequência de riffs fodas do Iommi (coisa que várias músicas do Sabbath são, aliás, um desfile de riffs durante uns 5 minutos). Destaque para, além da execução da banda, perfeita como de costume, fora o Ozzy que sempre parece um pouquinho fora do tom (e a gritaria da mina do vídeo), os efeitos psicodélicos no telão.

Depois desse começo sensacional, a banda deu uma passada pelo Master of Reality: a clássica Into the Void foi a terceira música da noite, seguida por After Forever, a novidade do setlist. Apesar de eu não ser tão ligado assim no Master of Reality, sei que ele é uma fábrica de clássicos e qualquer coisa que eles resolvessem tocar no show, inclusive Solitude, seria foda.

Falando em foda, esse é o adjetivo que descreve Snowblind. Uma das melhores músicas da banda, é daquelas em que Ozzy rege a plateia, e nós, como bons súditos do Príncipe das Trevas, atendemos, cantando junto e movendo os braços como se fôssemos um só. Simplesmente sensacional.

E, depois de Snowblind, veio AQUELE desfile de clássicos. Começando com War Pigs, onde tudo é simplesmente perfeito, bateria, baixo e guitarra se combinam e mostram tudo que sabem em quase oito minutos de uma das melhores músicas da história. Logo após essa pedrada, tivemos a dobradinha Behind the Wall of Sleep/N.I.B., onde, mais uma vez, tudo aquilo que faz o Sabbath ser o que é se mostra presente: Iommi esmirilhando a guitarra pra tirar todos aqueles riffs (os quais a plateia CANTA junto, tamanha a facilidade que o homem tem pra tirar esses riffs absolutamente grudentos), uma bateria poderosa (a qual eu gostaria muito de ter visto representada pelo monstro Bill Ward, mas infelizmente não rolou), o Ozzy - seja isso bom ou ruim, mas é característico -, e muito, mas MUITO espancamento de baixo. E se há um momento verdadeiramente esperado no show é justamente a transição, a "barra" de Behind The Wall of Sleep/N.I.B., pois é ali que Geezer mostra o que sabe.

Pena que, pelo fato do setlist ser bem mais curto do que em 2013, já estávamos mais perto do fim do que do começo do show. Mesmo assim, ainda tivemos a oportunidade de ver Rat Salad, com direito ao solo de bateria de Cluefetos, que faz a diminuta versão de estúdio, que tem 2:30, se transformar em NOVE minutos de muito espancamento de peles e pratos.

Logo após, a minha, a sua, a nossa Iron Man. A Smoke On the Water do Sabbath, aquela música que todo mundo conhece o riff, aquela que, junto com Smoke e Stairway to Heaven, o pessoal das lojas de instrumento tá de saco cheio de ouvir os piá aspirantes a guitarristas tentarem reproduzir o riff (e falharem miseravalmente na maioria das vezes). Mas... E DAÍ? Mesmo tendo ouvido ela 2308578943659783497 vezes na minha vida, eu (e provavelmente todo mundo no estacionamento da FIERGS) ouviria ela mais uma, duas, até três vezes se eles tivessem dispostos a tocar.

Seguindo, tivemos Dirty Women. E, não me levem a mal, mas de novo ficou a mesma sensação de 2013... pra que botar Snowblind e War Pigs no começo do show e espremer essa música (que, apesar de ser a melhor do Technical Ecstasy, de longe, não tá no mesmo patamar das clássicas dos outros discos) entre tanta música foda no final? Apesar de bem executada e tudo mais, dá aquela esfriada no pessoal. E sem falar que não teve o vídeo com muitos nudes no telão que nem em 2013. xD

Pra finalizar o show, Children of the Grave. E o que seria dum show do Black Sabbath sem ela, não é mesmo? Além disso, o que seria dum show do Sabbath sem o Ozzy fazer uma cagadinha também? Legal que ele foi dar aquela derrapada na penúltima música do show. A banda tava na intro ainda, fazendo a segunda volta do riff principal, e o Ozzy já saiu mandando aquele "REVOLUTION IN THEIR... OOPS, SORRY!!". Obviamente nós rimos, assim como o Iommi. E né, estávamos todos ali pra nos divertir, um errinho, além de mostrar que os caras são humanos, aumenta a diversão.

Depois de Children of the Grave, a banda saiu do palco e realizou aquele protocolo padrão do bis... esperaram uns minutos, enquanto o pessoal gritava por eles, voltaram, receberam o aplauso esmagador da plateia, e o Ozzy falou que "como nós estávamos ultrafuckingSHAROOONcrazy, eles tocariam mais uma música pra nós.

E foi AQUELA uma. Pra encerrar a passagem, colocar um ponto final muito digno em tudo. Paranoid. Não poderia ser outra, senão uma daquelas músicas que embala os ensaios de tantas bandas de garagem (inclusive a minha e do Leão). E, depois de assistir a tudo isso de novo, só posso dizer obrigado. Obrigado, Sabbath, por existirem, por terem sido uma das maiores influências no rock e no metal que já pisaram nesse planeta. Obrigado por terem vindo DUAS vezes pra cá e me dado a oportunidade de vê-los ao vivo. Vocês vão fazer muita falta.







terça-feira, 29 de novembro de 2016

Aconteceu em Porto Alegre #11: Black Sabbath no Estacionamento da FIERGS (Parte 1)



Sim, de novo. Aconteceu de novo. A mesma banda. O mesmo local. Três anos depois. E lá estávamos eu e o Leão de novo. As única coisas diferentes dessa vez? Pra onde compramos ingresso, as bandas de abertura e quanto durou o show. Mas vamos por partes, como diria o velho Jack. 
Logo que a banda anunciou as datas, Porto Alegre não estava incluída na turnê. No momento que descobri que novamente teríamos chance de ver o Sabbath, já combinei com quem quisesse ir que tinha que rolar. Ali, já deixei combinado com o Leão que dessa vez iríamos de pista Premium. Não por estar esbanjando grana nem nada, mas simplesmente pelo fato de ter sido ruim de ver o show quando fomos de pista normal em 2013 e porque a Premium aqui, diferente do show do David Gilmour, tava aceitando meia entrada estudantil. 
Sinceramente, 280 reais pra ver uma banda do calibre do Sabbath, muito mais perto do que da outra vez, ou seja, com uma experiência muito melhor, na minha cabeça, valia a pena. Ainda mais que acabei não indo nos Stones, por ter comprado pouco antes o ingresso pro Gilmour (burrice minha, tinha grana pros dois e consegui entrar na fila de espera na Internet, não fui de besta), e não fui num Guns (que valia a pena ir) com mais de meia formação original, simplesmente por achar que testemunhar a despedida do Sabbath seria mais significativo, considerando que eu já ouvi muito mais Sabbath que Guns na minha vida. E que o pessoal do Guns ainda tá nos 50, tem lenha pra queimar.

Feita a odisséia do ingresso, era esperar. Confesso que, não que quarta feira seja um super dia pra um show, mas com certeza é mais alto astral que ver um show numa segunda feira. Ainda mais que, em 2013, o show foi numa quarta pós aula de 3º ano de ensino médio. Ontem, foi numa segunda feira pós aula na faculdade (e faculdade os horários nunca são iguais, mesmo que as pessoas sejam do mesmo curso), sem falar na aula do outro dia. Mas enfim, nada que pudesse estragar o espetáculo.

            O Leão chegou lá em casa por umas 16:30 pro tradicional aquece (afinal, fora o momento que tu te obriga a comprar uma ceva pelo copo que eles começaram a distribuir nos shows, que é uma lembrança maneira, ninguém merece pagar 12 pila ou mais em UMA latINHA de ceva. Com esses mesmos 12 pila, mais 8, comprei um fardo de Budweiser e matamos um tempo, batendo um papo sobre as expectativas pro show e jogando um videogame. 
            Eu já tinha visto o set padrão do Sabbath na turnê, e, na real, apenas duas, das 14 músicas, eram novidades: Hand of Doom e After Forever. Ainda por cima, nos últimos shows, a banda não vinha tocando a primeira. Confesso que foi meio broxante saber que o show, em vez das tradicionais 15 músicas mais bis da turnê anterior, era composto por 12 músicas mais o bis, e apenas uma nova (e o pior é que venho do futuro e posso afirmar que dos 81 shows, só em 11 ela não foi tocada, e, na última perna da turnê, toda na Inglaterra, a banda resolveu se dedicar mais e voltou com o set de 16 músicas, com Hand of Doom, Under the Sun e entrou até uma medley instrumental de Sabbath Bloody Sabbath/Symptom of the Universe ou Supernaut/ Megalomania). E sem falar que a nova cortada foi Hand of Doom, que eu preferia a After Forever. 
Mas enfim, aquelas coisas que a gente meio que perdoa. Admito que o show picudo do Sabbath que eu testemunhei foi em 2013, recém os caras voltando, disco novo, Megadeth na abertura, foi mais grandioso, de fato. Mas, mesmo com um menor brilho desse show de ontem, foi a última vez dos caras. Tive a sorte de poder ver o Black Sabbath duas vezes, e isso é que é o barato.

Mas vamos parar de falar um pouco do Sabbath em si e vamos a todo o show. Resolvemos pegar um Uber dessa vez, pra não ter que chegar 16:00 e ficar de pé cinco horas a mais que o necessário. Como a pista Premium demora pra chegar o pessoal, saímos de casa umas 18:00. Claro que foi uma idéia estúpida, porque, além de ser dia de show, era hora do Rush de segunda feira de um dia de show. Chegamos lá às 19:00 e 48 golpinhos mais pobres. Faltava pouco pra primeira banda de abertura entrar no palco.

O broder do ACDC no som do aquecimento tava lá novamente, mas pelo menos dessa vez ele mudou um pouco o CD, botou o Powerage na íntegra pra tocar. Tenho que admitir que foi bom, dei atenção pra um disco do ACDC que eu cagava antes. Nesse meio tempo estávamos de olho no Vitória também, que tinha chance de botar mais um prego no caixão do interzinho, enquanto esperávamos pelo show de abertura.

Eis que umas 19:40 chegou o Krisiun, ou algo assim. Sinceramente, parecia que tinham aberto as portas do inferno. Não era que nem o Hibria, que eu curti afu e tinha uma pegada bem Iron Maiden. Eram três magrão tr00 met4ll, barbudo, cabeludo, pareciam três Tom Araya no palco e, quando começaram a tocar, mano... eu, que nunca fui adepto desse metalzão extremo, não conseguia DISTINGUIR o que eles tavam tocando. Quase não dava pra saber se tinha terminado uma música e começado uma nova ou era tudo a mesma coisa. Era, salvo raríssimas exceções, bumbo duplo O TEMPO TODO, gutural, porradaria mesmo. Tanto que teve roda de pogo do início ao fim do show (inclusive testemunhamos um cara levar uma mina sei lá pra onde pra negociarem o copo dele, já que, segundo ela, ela tinha perdido o dela na roda... sabe-se lá quanto custou o copo xD).

Os caras tocam bem? Sim. Curti o show? Não tanto. Preferia outra banda que prezasse mais a melodia que a porradaria? COM CERTEZA. Mas não dava pra reclamar, até admiti que em alguns momentos, quando eles tocavam algo mais parecido com música pros meus ouvidos, eles mandavam bem. Ahh, enquanto isso, saiu um gol do Vitória, com o mito Di Marinho, e a gurizada gremista aplaudiu horrores. Apesar do show ser na segunda, não ouvi manifestação dos colorados, não sei por que...




E então, lá pelas oito e bolinha da noite, apareceu quem eu estava mais curioso pra ver na noite: Rival Sons. Não me entendam mal, não quero pagar de fã tr00zão de 2013, que pagou Premium pra ver mais o Megadeth que o Sabbath. A idéia é a seguinte... já tinha visto o Sabbath uma vez, tava prestes a ver de novo, e sabia que ia ser um show foda, estava ansioso e tudo o mais, mas a curiosidade em si já não tinha mais, ainda mais que já conhecia o set de cabo a rabo. Mas o Rival Sons, banda de abertura que fez TODA a turnê com o Sabbath, eu não fazia a mínima ideia de quem era.

Umas semanas antes do show, tinha parado pra pesquisar sobre eles, pensei “se o Sabbath curtiu o som dos caras, deve ser coisa boa”. Pesquisei no youtube e caí direto em Pressure and Time, primeira indicação. Foi amor à primeira vista. Sonzaço, estilo anos 70 total, com uma altíssima influência do Led Zeppelin, do próprio Sabbath, e com um vocal muito ao estilo Glenn Hughes. Aí fui atrás do set deles dos shows de abertura e ouvi as músicas. E olha, impressionante como me cativou, um som sensacional.


A banda chegou com balaca de banda grande. Vinheta de abertura com a música tema de The Good, The Bad and The Ugly, gurizada na beca, uns instrumentos fodas (que nem a guitarra do Scott Holiday, com detalhes em dourado), aquela expectativa e... de cara, Electric Man, daquelas embaçadas pra começar um show. Essa música tem swing, tem peso na guitarra, tem tudo. Uma das melhores deles.

E seguiu o show só com som foda. Secret, com um andamento um pouco diferente, mas boa pra caramba também, a já citada Pressure and Time, Open my Eyes, com um andamento ao estilo Kashmir, Keep on Swinging, Torture (com uma baita introdução, só no improviso, na guitarra), enfim, um desfile do que a banda tem de melhor. E não é pouca coisa.

Entretanto, pra mim, o mais significativo no som do Rival Sons é a ousadia de improvisar, nos tempos em que vivemos, em pleno 2016. Até mesmo bandas clássicas, como o próprio Black Sabbath, Deep Purple (maior exemplo disso, apesar de ainda conseguir improvisar aqui e ali, só não em doses cavalares como antigamente) já não tem mais esse espaço, fazem o solo mais parecido com o original, não estendem a música, seguem o roteiro do show.

O Rival Sons quebra completamente essa história. É solo mais longo que o original, é introdução com improviso (Torture, que tem quatro minutos na versão de estúdio, com o improviso e com as brincadeiras com o público, chega aos nove fácil nos shows), é ousadia e originalidade. Isso foi algo que fez eu curtir ainda mais a banda depois de vê-la ao vivo ontem. E, quando acabou, o Leão, que não tinha ouvido os caras ainda, fez questão de deixar isso bem claro também, mas era algo que ele tava falando desde o início do show.

Só sei que, como não ficar na expectativa depois dum baita show de abertura desses? E, assim como eu fiquei na expectativa pro show do Sabbath, vou deixar vocês na expectativa e dividir essa postagem em duas, senão ela vai ficar quilométrica demais.